Inovação cidadã democratiza informação e cria novas formas de fazer jornalismo

Posted in - Cidadania & Inovação Cidadã @pt-pt & Redes digitais @pt-pt en Ago 1, 2013 0 Comments

Por: Ana María Gomes Freitas

1 Ninja perfilQuando os tradicionais meios de comunicação ignoravam as manifestações populares que começavam a ganhar as ruas do Brasil no começo de junho, eles saíram de casa com celulares conectados à internet, câmeras e gravadores para registrar e transmitir em tempo real os protestos contra o aumento da tarifa dos meios de transportes nas capitais do país. Com uma produção colaborativa enviada diretamente do foco da notícia e uma pauta de temas transversal que inclui pontos de vista tradicionalmente desconsiderados pelos grandes grupos de comunicação, os coletivos de mídia explodiram no Brasil juntamente com as manifestações.

O grupo Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), por exemplo, ocupou as redes sociais mostrando o que as TVs tradicionais não mostravam, a violência da polícia contra os manifestantes, até então chamados de vândalos pela grande imprensa. O resultado: vídeos postados por eles alcançaram cerca de 100 mil acessos na internet.

A proposta do coletivo é construir uma rede de comunicação independente baseada na democratização da informação. É uma nova forma de fazer jornalismo que busca uma cobertura mais criativa em contraposição ao conservadorismo de jornais e noticiários tradicionais. Seus colaboradores vão onde a velha mídia não costuma ir e dão voz a novos personagens. É um típico exemplo de projeto de inovação cidadã que, com uma visão bottom-up, considera a sociedade não apenas como consumidora, mas como coprodutora de conteúdos e decisões.

FOTO: Mídia NinjaA perspectiva colaborativa faz parte do Ninja desde a sua origem. O grupo nasceu há um ano e meio na Casa Fora do Eixo, coletivo de produtores e artistas formado em 2005 para estimular o intercambio de experiências em produção cultural e a circulação de bandas pelo país. A ideia central era criar um canal de transmissão ao vivo pela internet desta nova forma de fazer jornalismo.

As primeiras produções do grupo foram sobre uma região de consumo e venda de drogas no centro de São Paulo, sobre a Marcha da Maconha e sobre um protesto de índios guarani-kaiowá no interior do país. Quando os protestos pela redução da tarifa de transporte começaram, eles estavam lá, na linha de frente, lado a lado com os manifestantes.

Por sua atuação independente, há gente que duvida da formação e da capacidade jornalística dos colaboradores dos coletivos de mídia. Entretanto, estão entre eles profissionais com experiência em editoras de grande porte do país e que optaram por seguir uma perspectiva mais democrática da comunicação, que agrega novas dinâmicas à produção de notícias, sempre apoiadas em meios digitais e em uma criação em rede.

Baseados nas mesmas ideias de exploração de novas tecnologias e de produção colaborativa, outros coletivos de mídia surgiram ou se consolidaram com os recentes protestos. Em Pernambuco, o “Vem pra rua Recife” reúne estudantes e cidadãos para realizar nas redes sociais uma cobertura inclusiva dos atos e “dar voz ao maior número de pessoas presentes nas manifestações”.

3Ninja en Belo HorizonteO Nigéria também faz uma produção independente, desta vez em Fortaleza, de notícias e documentários. Seus colaboradores ficam na linha de frente dos protestos e um deles chegou a ser atingido no olho por uma bala atirada pela Polícia Militar quando fazia a cobertura de uma manifestação.

No Rio de Janeiro, o “Rio na Rua” faz o mesmo com relação os protestos que ocorrem na cidade e cobrem, por exemplo, uma manifestação que ocorre há dias na frente da casa do governador do Estado. O coletivo também repassa a sua experiência explicando, por exemplo, como qualquer cidadão pode realizar uma transmissão ao vivo pela internet.

Outras experiências também se espalham e ganham força pelo país e pelo mundo baseadas em uma onda expansiva que integra cada vez mais a sociedade em um processo produtivo e de decisões editoriais. Os coletivos de mídia chegam onde os outros não, nos mostram o que os outros não vêem, e com câmara na mão injetam inovação cidadã ao direito à informação.

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