“Um, dois, três, muitos…” cidadãos inovadores

Posted in - Cidadania & Inovação Cidadã @pt-pt en Jun 13, 2013 0 Comments

Imagen: Jody Zellen,  Urban Rhythms.

Por: Pablo Pascale

Existe (ou existia) uma comunidade aborígene na Austrália que tem (ou tinha) uma curiosa forma de contabilizar objetos. Um, dois, três, muitos. Ou seja, mais de três é considerado um coletivo e  já não importam as unidades.

Cada vez menos, a inteligência individual é criadora de valor numa sociedade em rede. Cada vez mais, o aproveitamento da inteligência coletiva é o que verdadeiramente gera os maiores avanços sociais, econômicos, culturais, científicos e políticos.

A inteligência coletiva é um fenômeno antigo que ultimamente tem sido fortalecido  com o desenvolvimento das tecnologias digitais. Inicialmente, surgiu como um conceito a partir de estudo dos hábitos das formigas (William Morton). As formigas se comportam com uma inteligência que se expressa na tomada de decisão consensual, ou seja, em grupo se comportam como um indivíduo.

A inteligência coletiva define-se como a habilidade de um grupo de produzir melhores soluções para problemas do que o fariam individualmente os membros do grupo de trabalho

(Heylighen, 1999)

Com os meios digitais, milhões de pessoas em todo o planeta agora podem trabalhar juntas de forma que nunca antes tinha sido possível.

E assim, encontramo-nos com wikipedia, inteligência coletiva aplicada a compartilhar conhecimento, ou com as redes P2P em que as pessoas compartilham conteúdos em forma descentralizada, ou com o desenvolvimento de software livre, ou ações coletivas tais como o movimento 15M, ou Ushahidi.

A inteligência coletiva abre caminho a formas inovadoras e, na maioria das vezes, imprevisíveis.

São muitas as formas nas que se canaliza a inteligência coletiva, mas certamente ela adquire um nível mais transcendente quando melhora as condições sociais da população.

Hoje, graças às tecnologias digitais, os seres humanos utilizam seu talento e inteligência em projetos colaborativos que procuram gerar benefícios sociais. Estamos diante de uma nova forma de inteligência coletiva. Clay Shirky a denomina excedente cognitivo, ideia que se resume à habilidade dos cidadãos de aproveitar seu tempo livre e seu talento para ser voluntários, contribuir e colaborar em grandes projetos que melhorem a vida de todos na sociedade, num ambiente de tecnologias digitais. [Em seu tempo livre pode ver vídeo de Clay Shirky]

Esta combinação de tempo livre, talento e tecnologias digitais é, possivelmente, a chave de boa parte das melhorias sociais, culturais, econômicas e políticas nas quais reside o nosso futuro.

Um futuro que já impulsiona o cidadão inteligente, cidadãos que propõem e constroem coletivamente novos espaços e canais de decisão pública, cidadãos ativos que coproduzem um bem comum.

Em Cidadania 2.0 falamos em inovação cidadã, ou seja, a participação ativa de cidadãos em iniciativas inovadoras que procuram transformar a realidade social. Iniciativas de participação cidadã e inovação social, cultural e política que podem partir de sociedade civil, organizações públicas ou privadas que em seus processos integram cidadãos como coprodutores e destinatários das soluções que melhoram suas condições de vida.

Enfim, podemos chamá-la de varias formas: inteligência coletiva, excedente cognitivo, cidadão inteligente, inovação cidadã, mas a pergunta agora é “estamos fazendo uso de todo o nosso potencial cidadão?”

Em Cidadania 2.0 iniciamos um novo processo de articulação para o incentivo à inovação cidadã em Ibero-América que em breve vamos lançar e para o qual vamos necessitar uma, duas, três, muita… inteligência coletiva!

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